Olá, é um prazer ter sua companhia !

"Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem."

( Carlos Drummond de Andrade )


quarta-feira, 10 de junho de 2009

REGGIO EMILIA


História da Reggio Emilia

Da destruição surge um sonho: uma pequena escola

Era o fim da Segunda Guerra Mundial. Tempos terríveis; para todo lado que se olhava, a única coisa que se enxergava era destruição, fome, ruínas e pobreza. A guerra acabou, mas não tirou a dor dos que ali viviam. O que esperar dessas pessoas que ficaram olhando toda aquela devastação? E os sentimentos de derrota, medo e indignações?Foi neste espírito de derrota em meio à destruição que muitas mães de uma pequena cidade italiana – Reggio Emília – sonharam um mundo melhor para seus filhos: uma escola!

Em uma terra doada por um fazendeiro, foi lançada a semente desse sonho. Juntas, aquelas mães venderam um tanque de guerra e os cavalos deixados para trás pelos soldados, mas não era suficiente. Todos os recursos que elas tinham estavam em seus arredores, ou seja, nada é o que normalmente pensamos. Pois essas mães visionárias retiraram desse nada tudo o que precisavam para consolidar esse sonho. Das casas bombardeadas foram retirados os tijolos e vigas. O rio também contribuiu, doando de seu leito a areia; e os sobreviventes da guerra ajudaram trabalhando noite e dia para a construção de uma escola para crianças pequenas. E a semente do sonho foi lançada no terreno doado pelo fazendeiro.

O maior ensinamento que passaram a seus filhos foi o de reconstruir a partir das ruínas em que, aparentemente, encontravam-se suas vidas. Esse é o verdadeiro sentido de coletividade e união para se alcançar um objetivo – e nesse espírito a escola foi formada e estruturada. Todos participam e contribuem: os pais, os comerciantes e a sociedade.

Essa escola é inovadora: os pais fazem parte da escola, ajudam no planejamento e até participam de algumas aulas. Os eventos são organizados pelas famílias, professores e alunos, com o objetivo de integração e coletividade, mostrando a essas crianças que a escola é uma continuidade de seu lar, tornando-as uma grande família e intensificando o papel sócio-cultural que ela ocupa na sociedade.

Um dos aspectos que mais chamam a atenção é a abordagem de ensino que adotaram na escola. Usa a linguagem da Arte – que é inerente na criança – para extrair seus pensamentos, desejos, inquietações, e ajudar a dar significados e sentido ao mundo em que vivem, e suas questões. Após esta coleta de informações fornecidas pelas crianças, pais e professores se reúnem e elaboram o planejamento das aulas.

Essas crianças passam a pesquisar o tema, vão às ruas observar, investigar, experimentar e depois voltam à escola para se expressar da melhor forma que sabem, por meio de símbolos artísticos, como desenho, esculturas, pintura, etc. As atividades são exploradas ao máximo, até que a criança se dê por satisfeita. Quando elas não conseguem se expressar como gostariam, são encorajadas a refletir e recomeçar. Assim como aconteceu com aquelas mães logo após a guerra!

Essas crianças têm se mostrado tão criativas e competentes que já existem exposições pelo mundo afora com suas produções artísticas. Suas competências não são exploradas apenas no mundo da arte, muito pelo contrário; a arte é o meio que os professores usam para introduzir outros conhecimentos.

A abordagem da Escola Reggio Emília mostrou sua eficácia e se multiplicou dentro da cidade. Hoje este município adotou essa abordagem em suas escolas. Essa eficácia se revelou ao mundo e tem se propagado por ele. Já existem diversas escolas nos Estados Unidos e Europa: infelizmente não sei de nenhuma escola no Brasil que use essa abordagem.

Elisa de Mello Kerr Azevedo
Artigo escrito para a disciplina de Filosofia 2006
do curso de pedagogia sob orientação do prof. Jarbas Novilo Barato

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